Melhorar a vida do cidadão. Esta é a missão que uma govtech precisa para ser mais bem sucedida em seus esforços. E o Portal de Compras Públicas, participante do Ciclo Lisboa 2021 do StartOut Brasil, se propôs a cumprir esse propósito a partir de um tema que muitos de nós temos grande dificuldade em compreender: as licitações.
Basicamente, qualquer compra pública precisa ser feita a partir de licitações. “Em tempos de pandemia, a primeira coisa que vem à mente são as compras de vacina. Mas toda a estrutura também precisa ser adquirida pelo poder público: as agulhas, luvas, cadeiras e todo material envolvido para proporcionar a vacinação à população. Esse processo é extremamente burocrático e, claro, custoso aos cofres públicos”, explica Leonardo César de Carvalho, CEO da startup.
Economia do recurso público
Para simplificar a vida de ambos os lados – o órgão público e também as empresas privadas fornecedoras do material a ser adquirido –, Leonardo e sua equipe criaram uma espécie de eBay para as ofertas a cada licitação.
“Nosso objetivo é facilitar o contato entre comprador e fornecedor. Quando uma prefeitura, governo estadual ou federal abre uma licitação para a compra de um devido material, ele pode colocar a chamada no nosso site. A partir daí, os fornecedores oferecem ‘lances’. Assim, pode ser escolhido o melhor custo-benefício, economizando milhões de reais de dinheiro público”, diz.
Estamos acostumados a pensar que a burocracia “reina” no Brasil. Mas, a partir do processo de internacionalização do StartOut a Lisboa, Leonardo comenta que, em Portugal – e, consequentemente, nos outros países da União Europeia – o processo é ainda mais burocrático. “Estamos ajustando nossa plataforma para atender os requisitos de Portugal, uma grande porta de entrada para o mercado europeu. Mas, mesmo com a União Europeia, cada nação tem sua peculiaridade e estamos caminhando para atender mais países.”
Consultoria britânica
Devido ao seu imenso potencial e crescimento acelerado, o Portal de Compras Públicas foi indicado pelo StateUp, consultoria britânica especializada em novas tecnologias aplicadas ao poder público, como uma das 21 govtechs para ficar de olho em 2022.
“A emoção foi tamanha por esse reconhecimento internacional que não posso nem colocar em palavras. Foi a sensação de alguém estar observando o impacto que estamos causando. O que fazemos está começando a fazer sentido para o ecossistema como um todo”, comemora Leonardo.
Seu modelo de negócios diferenciado ainda é de difícil compreensão apesar do imenso potencial de transformação da sociedade. Trata-se de uma solução em que o cliente é o poder público, mas a receita vem do privado, em um contexto licitatório que ainda não é bem compreendido, Mesmo assim, os valores transacionados pela plataforma são impressionantes. “Ano passado negociamos R$ 67 bilhões de reais. Bilhões com B!”, salienta o CEO.
Transparência e governança
O aspecto da economia de dinheiro público não é o único que o Portal de Compras Públicas domina. A transparência e governança é outro extremamente importante. “Ainda tem muita coisa para vir pela frente. Estamos em um momento de movimentação regulatória no Brasil e, comparando com nossa experiência em internacionalização da startup, nós temos muito a melhorar no que diz respeito a governança na nossa legislação. No entanto, vejo que estamos nesse caminho e este é um bom sinal para a nossa gestão pública”, diz.
E a missão central nunca é esquecida. “Otimizando aquilo que o governo faz, melhoramos a vida da população atendida e, muitas vezes, permitimos que outras tarefas anteriormente impossíveis por conta de limitação orçamentária, comecem a ser possíveis – porque estamos tendo ganho de eficiência. O segmento de govtech tem um papel muito importante, que é ajudar o governo a cumprir com eficiência seu papel social”, conclui o empreendedor.