“Depois que você começa a consumir café de qualidade, não consegue mais voltar ao industrializado”, afirma veemente Lucas Faria, o jovem empreendedor de somente 23 anos e que hoje viaja pela Europa negociando a venda de café artesanal para potenciais compradores.
A Farmly nasceu em 2019, logo antes do início da pandemia de Covid-19, e enfrentou o fechamento de todo o comércio global logo no início de suas atividades. Mesmo assim, a ideia se provou valiosa. Hoje, trabalham com mais de 1200 produtores que exportam seu café para 17 países europeus, entre eles, Holanda, Dinamarca, Alemanha, França, Reino Unido e Noruega.
O surgimento da empresa
Com três fundadores na equipe, Adriano Salvi é o mais experiente e quem deu o pontapé inicial para começarem a empreender. “No início, eu não entendia muito sobre a produção de café e preferi seguir trabalhando em negócios de impacto, que é o que me move. Quando descobri a capacidade da Farmly de transformar a vida dos pequenos e médios produtores, percebi a sinergia com meu propósito de trabalhar por impacto”, relata Lucas. O time de fundadores também é formado por Telmo Baldo (28).
Aparentemente um marketplace de café artesanal, a Farmly é muito mais do que isso e ainda tem planos para expandir sua atuação. A startup não somente disponibiliza os anúncios dos pequenos produtores brasileiros e colombianos para o mercado europeu, mas também dá todo o apoio logístico e jurídico para a transação comercial. Além disso, também trabalha como fintech: por meio do Farmly Pay, desempenha a função de fluxo de caixa e empréstimo com garantia em café – ao contrário de bancos tradicionais que usam o terreno do produtor. “Queremos ser conhecidos como o banco do produtor até 2023”, diz.
O mercado de café artesanal
O mercado de café artesanal é muito mais complexo do que parece. O empreendedor explica que a startup trabalha somente com cafés que atingem no mínimo 83 pontos na escala SCAA (Specialty Coffee America Association), aceita globalmente como controle de qualidade do produto. Segundo ele, cada comprador tende a procurar questões específicas de acidez, balanceamento e notas sensoriais. Assim, a Farmly sabe quais produtores indicar. Depois disso, enviam uma amostra para ser avaliada e, se aprovada, o negócio é fechado.
Além disso, o mercado europeu tem procurado cada vez mais fazer negócios com produtores com responsabilidade socioambiental. “O quesito certificação é complexo quando falamos de pequenos produtores. Isso porque os certificados aceitos na Europa são caros e de difícil acesso para eles, e o consumidor europeu sabe disso. Por isso, eles preferem conhecer a pessoa com quem estão entrando em parceria comercial, ouvir sua história e criar um relacionamento”, explica o empreendedor.
A Farmly participou do ciclo Bogotá-Medellin do StartOut Brasil, em 2020. “Foi a partir do programa que começamos a trabalhar com produtores da Colômbia e pudemos aumentar nossa oferta aos clientes europeus. O StartOut Brasil nos ajudou muito nesse processo, abrindo portas e fazendo conexões”, finaliza o empreendedor.